O Rio de Janeiro continua lindo…?
“Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil…” — já foi assim.
Hoje, a canção ecoa entre o estalo dos tiros e o zumbido dos drones.
O céu azul virou cinza de fumaça,
e o pôr do sol de cartão-postal reflete o vermelho do fogo e do medo.
O Rio está em guerra.
Não uma guerra declarada, mas uma guerra tolerada.
O Estado fecha os olhos, o Governo Federal assiste de camarote,
e o STF, em nome da “vida”, proibiu ações policiais —
enquanto quem mais morre é o povo.
O presidente diz que o traficante só existe porque há usuário.
Mas a verdade é que o tráfico existe porque o Estado desistiu.
Desistiu de educar, de proteger, de dar dignidade.
Abandonou os becos, e os becos criaram suas próprias leis.
O “Rio 40 graus” agora queima de outra forma.
Não é mais sol — é pólvora.
Não é mais festa — é luto.
E a “Cidade Maravilhosa”, hoje, é a que mais mata no mundo.
Mas se a gente se calar,
o próximo território tomado será o nosso silêncio.
