Justiça determina que PM deixe área de conflito em Caarapó e transfere segurança à Força Nacional ou PF
Decisão ocorre após intensas tensões na Fazenda Ipuitã/ TI Guyraroká; indígenas Guarani-Kaiowá e fazendeiros disputam posse, e intervenção federal sinaliza escalada do litígio fundiário no MS
Em meio a um dos mais persistentes e violentos conflitos fundiários do Mato Grosso do Sul, a Justiça Federal de Dourados determinou que a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul se retire da área da Fazenda Ipuitã, sobreposta à Terra Indígena Guyraroká (município de Caarapó). A tutela judicial, assinada no dia 30 de outubro de 2025 pelo juiz Ewerton Teixeira Bueno, prevê que a segurança da área passe a ser assumida pela Força Nacional de Segurança Pública ou pela Polícia Federal. Campo Grande News+1
Contexto do conflito
A fazenda foi retomada por famílias Guarani-Kaiowá em 21 de setembro, reivindicando a área tradicional da TI Guyraroká. A demarcação original da TI foi reconhecida em 2009, mas posteriormente teve pontos anulados pelo Supremo Tribunal Federal em 2014. Campo Grande News+1
Conforme o despacho judicial, a PM vinha atuando na região “para garantir a ordem”, porém, diante de denúncias de violência e uso excessivo da força — e diante da complexidade do litígio —, foi determinada a intervenção federal. midiamax.com.br
O que muda na prática
- A retirada da PM marca uma mudança de comando da segurança pública na área. A Força Nacional ou PF entram para atuar sob coordenação federal, o que abre uma nova fase no litígio.
- O conflito, que contava com presença intensa de indígenas, fazendeiros, seguranças privados e polícias estaduais, passa a ter supervisão federal direta, o que pode intensificar a mediação, mas também aumentar riscos de escalada.
- A decisão judicial menciona que, enquanto durar esse regime especial, a área deverá estar sob “controle de forças federais para garantir a integridade das partes e evitar violências”, o que sinaliza que avanços em reintegração ou desapropriação podem ser mais lentos.
Desafios e expectativas
Especialistas em questão indígena e conflitos agrários alertam que intervenção federal por si só não resolve a raiz do conflito — tais como titulação das terras, negociação com indígenas, respeito aos direitos originários, e medidas de proteção aos vulneráveis.
O litígio do MS muitas vezes é descrito como emblemático da “linha de fogo” entre agricultura e povos indígenas no Brasil.
Panorama estadual
O caso de Caarapó reforça a pressão sobre terras indígenas no Mato Grosso do Sul, estado que concentra conflitos fundiários graves envolvendo Guarani-Kaiowá. A intervenção federal também acende alerta sobre custos, imagem pública e risco de novos confrontos.
Assessoria / Redação CliqueNewsMS
